sábado, 1 de maio de 2010

Política de inclusão-meu relato de professora 4


Quando um caso de inclusão dá certo com algum aluno meu,eu realmente fico muito feliz e tento me espelhar naquela experiência para conseguir novos resultados...
fico feliz pela criança,pela sua vitória e pela sua interação com o meio dito normal e pelas coisas que ela aprendeu.....
fico feliz pela família,pois imagino como deve ser para uma mãe imaginar que seu filho precisa de muito mais estímulo e atenção e cuidados e que um dia,se ele não conseguir se tornar mais independente e ela faltar(morrer) sua preocupação com ele será diferente daquela mãe que tem um filho que nunca dependeu tanto dela depois de adulto.....

quando um caso de inclusão não dá certo,não espero a pena nem solidariedade de ninguém comigo....e nem conto com a comiseração de ninguém...até porque a maioria das pessoas não se importa se o professor está feliz ou satisfeito com sua realidade...querem resultados e que ajeitem as 30 crianças numa sala de aula,pelo menos por 4 horas diárias....
me sinto impotente,pois sim,não houve estrutura necessária para que este aluno se desenvolvesse,me sinto triste,pela família dele que apostou na escola e contou com esta instituição e não teve sucesso em sua investida.....

a mãe do meu menino,semana passada me disse que ele faltou 3 dias,pois ela preferiu deixar em casa,pois ela sabe que ele anda muito agitado e deveria estar perturbando a aula.....
sabe o que eu fiz??? insisti para que ela não o deixasse mais em casa..pois o lugar dele é conosco,como todas as demais crianças...

Se você trabalha numa padaria e faz uma torta maravilhosa por que seu patrão comprou os melhores ingredientes você não acha que esta parceria deu certo???
Porém se você faz uma torta horrível,por falta de ingredientes,você acha que os clientes da padaria vão ser solidários contigo e ter pena de você????

desculpe o exemplo tosco,mas .o que os professores querem é condição de trabalho,parceria e apoio das mantenedoras... apenas isso;

a inclusão está aí sim..é direitode todos de conviver e ter condições de se desenvolver....

antigamente essas crianças ficavam escondidas..hoje estão na sociedade..graçs a Deus...

ainda penso que sim,é dever de todos nós que portadores de necessidades especiais tenham seus direitos garantidos....que possam viver dignamente e aprender,na medida do possível a ser independentes....

não são um fardo não....aliás,quem convive com eles muitas vezes diz que são pessoas maravilhosas....mães e pais na maioria das vezes em seus relatos nos contam que tal filho é uma benção e que aprendem muito com eles.....

acredito sim ,que deve ser repensada esta forma de inclusão....deixar de ser discurso político e se tornar uma realidade que respeite as crianças,as famílias e nós profissionais.....

política de inclusão-meu relato de professora 3

mas quis contar isso aqui,pois às vezes leio coisas que me chateiam....
professor parece que é tudo igual,não tem valor,não gosta das crianças,está lá só pelo salário(e que grande salário!)...enfim,está quase sempre contra as famílias...parece que queremos o mal das crianças....

quis mostrar que muitas vezes nosso dia a dia é cruel....passamos por situações que uma mãe com 1,2 ou 3 filhos não passa nunca....
e,embora não sejamos as mães,as crianças estão sim sob nossa responsabilidade.....

só gostaria que as colegas lessem este caso que contei.....para perceber um pouquinho o outro lado da moeda......
é a falsa inclusão,um caminho sem volta..porém sem recursos e nem capacitação dos profissionais....

não sou contra,de forma alguma..porém acredito que precisamos oferecer algo aos nossos alunos e não privá-los de atividades e condições que melhorariam seu desenvolvimento e interação.....o que ocorre na maioria das escolas é a exclusão destes alunos...

muitas vezes,por não terem condições de fazer as atividades que a turma está fazendo,são entertidos com algum joguinho ou brinquedo que lhê chame a atenção..e enquanto isso a profe consegue alguns momentos para auxiliar a turma....

não condeno quando isso acontece sabe,pois muitas vezes não temos com dar conta...
como eu falei lá no início..como vou alfabetizar meus alunos,que é a grande pedida do 1º ano??? se não aparecer ninguém pra me ajudar...não sei mesmo como fazer....
abençoadas professora que tem uma monitora SEMPRE acompanhando os alunos..
aqui em Porto Alegre,a prefeitura oferece uma estagiária de inclusão por turno.....para atender a demanda que houver,independente do número de alunos com necessidades especiais em cada escola.....

na minha escola,hoje,dia 14 de abril de 2010 somente veio a estagiária para o turno da tarde.....

a estagiária para o turno da manhã,que irá me auxiliar e atender também os alunos que tiverem necessidades nas demais 22 turmas do turno manhã ...ainda não apareceu.....

Política de Inclusão-meu relato de professora 2


Tenho 2 turmas de 1º ano do fundamental;cada uma com 24 alunos....pois bem,na turma da tarde,entrou um aluno com retardo mental(nem sei se é o nome certo)comprovado..ele corria,gritava(urrava) e batia nos colegas durante as 4 horas e meia de aula..depois de eu ter uma crise de pânico na escola,o setor de supervisão conseguiu agilizar uma vaga em escola especial;
Na turma da manhã,tenho uma aluna PC,cadeirante,que move somente um pouco o braço direito,não tem controle da boca,por isso baba o tempo todo,não fala...nem come sozinha,muito menos vai ao banheiro sozinha...
Nesta mesma turma,tenho outro aluno,sem diagnóstico ainda,mas pelo que percebo,tem idade mental de 3 anos;apresente problemas de fala(não se entende o que ele diz,somente sim ou não),se mostra muito agitado e agressivo com os colegas..joga os brinquedos nos outros,bate com a mochila e ontem atacou um colega com o garfo na hora do almoço...
A menina agora está retomando os atendimentos de TO,fisio,fono e psicopedagogia(a mãe havia perdido os atendimentos,não sei se por falta de passagens de ônibus ou outro problema);O menino está em consulta com neuro pelo SUS faz 3 anos;semana que vem tem consulta para levar um eletro para o médico analisar...
E eu??? Atendo todos eles,todos o 24 sozinha em sala de aula;a menina está ficando até o recreio;a mãe vem para dar o lanche e levar ao banheiro...o menino estamos tentando fazer com que fique também até o recreio,pelo menos enquanto não vem alguma estagiária de Inclusão para me ajudar...
Minha formação é Pedagogia Orientação,não sei nem tenho habilitação para atendê-los;porém não me resta alternativa,pois a política atual é de inclusão não é?? Mesmo que não haja condições para isto....
Hoje na saída,tive que deixar de reparar os demais alunos,para conter meu menino,pois ele estava jogando pedras nos colegas e arrancando os galhos dos arbustos para jogar nos outros....me senti fraca,impotente e chorei.....
Chorei,pois estas crianças estão sendo privadas de uma qualidade de vida;privadas do atendimento especializado que merecem,privadas de nas suas condições,conseguirem interagir e conviver com os demais...eu sempre digo,que de minha parte,trato com carinho e amor..mas sinto que isso não é suficiente..me falta conhecimento e recursos adequados para ajudá-los....

Política de Inclusão-meu relato de professora 1

Neste ano letivo,recebi três alunos de inclusão em minhas turmas...um desafio,um sofrimento,angústia,sentimento de incompetência,esperança..tudo junto e misturado....
e o mais importante,o sentimento de responsabilidade gritando dentro de mim,me exigindo atitude,recursos,amparo e conhecimento...
Enfim,começa minha saga com a inclusão;nunca antes,em nenhum turma minha tinha me deparado com tal realidade tão forte,tão nua e crua....
pretendo fazer aqui relatos do que está acontecendo com minhas turmas,meus alunos,nossos progressos e desafios....

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sobre a progressão continuada

Na verdade,seria uma proposta com tudo pra dar certo;porém a propaganda que nos foi mostrada,não condiz com a realidade das experiências que temos vivido;com a implementação dos ciclos em Porto Alegre,formaram-se numerosas turmas de progressão,destinadas aos alunos que estavam fora da idade correspondente ao seu ano de ciclo;todo o "circo" montado;professor referência,professor volante,especializados de Arte educação e Educação Física no 1º ciclo e Línguas a partir do 2º ciclo;turmas menores,com 20 alunos e todo um aparato pedagógico...?????
A proposta inicial era de que ,durante o ano letivo,os alunos das turmas de progressão avançassem para o ano ciclo adequado à idade;esbarramos no primeiro problema;as turmas regulares estavam lotadas,não havia vagas para nossos alunos;segundo problema,os professores argumentavam que já havia sido trabalhados muitos conteúdos enquanto estes alunos não estavam nas turmas;não haveria como dar conta de repassar estes conteúdos para eles;nem mesmo com o suporte dos volantes ....
Sem contar,que os alunos oriundos das turmas de progressão eram por demais indisciplinados em sua maioria.....mais um ponto negativo contra eles;
E,neste ponto,surgia um grande impasse:o grupo de professores se dividia entre os que tinham desejo de resgatar estes alunos e aqueles que não queriam se envolver;havia também o critério de quem "pegaria" estas turmas...e geralmente sobrava para os novatos na rede.
Em poucas escolas houve realmente o empenho e esforço de fazer funcionar a proposta;seja por falta de estrutura,decepção com o que foi prometido e não aconteceu,ou realmente pela dificuldade de se trabalhar em conjunto,de fazer acontecer um planejamento efetivo e voltado ao pedagógico....
De qualquer forma,os alunos foram enturmados;durante o ano letivo ou ao final deste;e aí entramos na Progressão Continuada....com ou sem alcançar os objetivos,conteúdos,habilidades ou o nome que se queira dar(seguindo ao sabor da corrente partidária no poder)..Em alguns 4 ou 5 anos as turmas de progressão foram extintas,mesmo sendo visível e necessária a existência delas nas escolas.
E como num conto de fadas,os anos se passaram....os alunos avançaram e continuam avançando;os conteúdos que eram desenvolvidos há um tempo atrás,não conseguem mais ser vencidos no anos ciclo correspondente;alunos silábicos na aquisição da leitura e escrita avançam para o 3º ano do 1º ciclo(antiga 2ª série,na correspondência);ouvimos cada vez mais dos entendidos que " o aluno JÁ consegue escrever uma pequena produção de texto ou resolver histórias matemáticas simples"...seria ótimo se não fosse em relação à um aluno de 12 anos,cursando o 2º ano do 3º ciclo(antiga 7ª série)....
Leitura,interpretação,ortografia,produção textual,resolução de cálculos e situações problema,envolvendo as quatro operações,conhecimento de cidade,capitais e países,localização geográfica..a pura e simples compreensão de ordens de exercícios...tudo ficou reduzido pela metade,para ser bem generosa....tanto que quando encontramos ex-alunos,que estão cursando ou já concluíram o médio ,nos sentimos felizes e gratificadas....
Estamos construindo a maior e mais referendada geração de analfabetos funcionais!
Seria muito tranquilo culpar os docentes e seu descaso.....
Mas isso não mudaria a situação em que se encontram nossos alunos,nem refletiria a realidade;a situação cada vez mais desgastante e desgastada das escolas;a nossa frustração por nos sentirmos impotentes em relação à uma situação que cresce como bola de neve;inicia com os pequenos e cresce junto com eles,chegando ao final do ensino fundamental mostrando as lacunas de toda uma trajetória escolar,agora com 9 anos de duração....onde conhecemos os nosso pequenos com 6 anos ,quando ingressam na escola e os acompanhamos até os 14,quando devem estar saindo...e com pesar,percebemos que pouco cresceram cognitivamente,que muito se perdeu e se deixou de fazer,nesses longos 9 anos.

Como seria importante dar ouvidos aos professores;ouvir suas experiências e sugestões;seria uma grande tentativa de reverter este quadro;de proporcionar aprendizagem aos alunos,de fazer valer os 9 anos em que ficaram conosco.

Li este texto há um tempo atrás no blog Aprendendo a Ensinar e salvei nos meus documentos;agora,com o blog,foi o primeiro assunto que pensei em refletir aqui;pedi autorização ao professor José Carlos Antônio ,autor do texto,para postá-lo... autorização concedida,aqui está,para nossa reflexão...

Os filhos bastardos da Progressão Continuada
A triste realidade dos alunos que vivem a exclusão pedagógica

Você certamente já conhece a Progressão Continuada, um sistema de gerenciamento do fluxo de alunos que suprime a reprovação em ciclos anuais ou semestrais e a extende para ciclos maiores, de dois, quatro ou mais anos, dependendo de como é implementada, e onde a reprovação ocorre apenas no último ano do ciclo, quando ocorre.

A Progressão Continuada tem como objetivo corrigir o fluxo escolar reduzindo ou eliminando as reprovações e permitindo a redução da defasagem idade/série dos alunos. Não é um sistema pedagógico e sim um sistema político-econômico que visa reduzir os custos do ensino, principalmente do Ensino Público, e produzir estatísticas mais palatáveis diante dos organismos internacionais e da população em geral.

Do ponto de vista econômico, a Progressão Continuada é uma solução de engenharia de produção que impede a formação de gargalos de produtividade (reprovações), reduz a mão de obra necessária (quantidade de professores), reduz a necessidade de investimentos (não necessitando muito investimento em novas escolas) e permite que a linha de produção (ensino) flua despejando no mercado o seu produto principal em gande quantidade: o aluno formado.

Mas do ponto de vista pedagógico, o que é a Progressão Continuada?

Seus defensores foram sempre muito incisivos ao apontarem as altíssimas taxas de reprovação dos sistemas anteriores à Progressão Continuada como um absurdo que gerava as distorções idade/série, causavam uma grande evasão escolar, desestruturavam o sistema de ensino exigindo um número muito grande de professores e escolas e, acima de tudo, geravam grandes traumas nos alunos reprovados, além de não contribuirem em nada com a aprendizagem destes. E eles estavam certos!

Argumentavam, e ainda argumentam, os defensores da Progressão Continuada, que esta permite ao professor acompanhar melhor o desenvolvimento dos seus alunos durante um período de tempo maior (o tempo do ciclo escolhido para o modelo de Progressão Continuada implantado, e que varia de estado para estado, de governo para governo ou mesmo de escola para escola). E este é um excelente argumento!

Dizem ainda que a convivência em um mesmo ambiente de alunos mais adiantados e outros mais atrasados é propícia ao desenvolvimento desses últimos e que, naturalmente, cada aluno tem seu próprio ritmo de aprendizagem, tem diferentes habilidades, gostos e histórias de vida, e que essa diversidade é um fator de enriquecimento do processo de ensino que a Progressão Continuada permite explorar melhor. E, mais uma vez, estão certos!

Mas o que isso tem a ver com a pedagogia?

A resposta é muito simples: nada!

Pedagogia, segundo o dicionário Aulete, é a ciência e conjunto de teorias, princípios e métodos da educação e do ensino. Um pedagogo, ou um professor de forma mais geral, é aquele que conhece e sabe aplicar com eficiência esse conjunto de teorias, princípios e métodos de forma a facilitar a aprendizagem dos seus alunos.

A Progressão Continuada, embora se justifique de várias formas como um sistema político, econômico e social (por permitir uma maior inclusão social de alunos que antes eram excluídos do sistema devido às seguidas reprovações), não propõe nenhuma nova teoria pedagógica, princípio instrucional ou método de ensino que facilite a aprendizagem do aluno, mas, pelo contrário, tem se mostrado como um sistema que dificulta ainda mais essa aprendizagem. Haja visto os resultados medíocres que se obtêm onde esse sistema foi implantado.

Olhando para a frieza dos números e comparando sistemas seriados e sistemas onde a Progressão Continuada implantou ciclos, não vemos nenhuma melhora nos índices de aprendizagem que possa apontar a Progressão Continuada como um avanço.

Se, por um lado, corrigimos o fluxo, diminuímos a evasão e melhoramos bastante a relação idade/série, por outro isso não significa que os alunos estejam aprendendo mais e evoluindo intelectualmente, mas tão somente que passamos a ter classes multisseriadas, como têm as escolas de regiões rurais onde um único professor trabalha com alunos de diferentes séries em um mesmo ambiente físico.

É possível trabalhar com classes multisseriadas e obter bons resultados? Sim, claro! Mas isso é possível se estivermos lidando com classes pequenas, professores especializados nesse tipo de ensino, materiais diversificados para os alunos e um tempo de convívio muito grande entre o professor e o aluno, o que é mais comum nas séries iniciais, mas é pouco frequente nas séries finais do Ensino Fundamental e absolutamente inexistente nas séries do Ensino Médio.

Do ponto de vista pedagógico, trabalhar com uma turma multisseriada e numerosa, não dispondo de materiais diversificados e estando acorrentado a um currículo que continua seriado, tem como resultado uma triste e nova forma de exclusão que verificamos atualmente em quase todas as classes: a exclusão pedagógica.

Aquele aluno que antes encontrava grandes dificuldades e era abandonado pelo sistema, reprovado e excluído da escola, agora continua enfrentando as mesmas dificuldades, continua abandonado pelo sistema e ao invés de ser excluído da escola está excluído da aprendizagem. Esse aluno passa o tempo na escola junto com os colegas, compartilha as brincadeiras e geralmente é até mais ativo e indisciplinado do que os demais, mas o direito de aprendizagem dele que a Progressão Continuada pretendia garantir continua não sendo respeitado. Ele está na escola, mas não aprende nada.

E não é culpa do aluno não aprender, como bem sabemos! Ocorre que em uma sala onde o professor está ensinando divisão, a possibilidade de que um aluno que não sabe multiplicar consiga aprender a dividir é tão pequena quanto a possibilidade que ele teria de aprender sozinho se não estivesse presente ali.

Embora muitos psicopedagogos tenham na ponta da língua o argumento de que os alunos reprovados ficam "traumatizados", e eu não discordo disso, não vemos nenhum psicopedagogo falando nada sobre os traumas causados a um aluno obrigado a conviver com outros que aparentemente são "muito mais inteligentes do que ele", tendo que fazer as mesmas tarefas e avaliações que os demais, mesmo não tendo capacidade para tal. Pelo menos a mim não parece que esse aluno se sinta bem sendo considerado "burro" por seus colegas e sentindo-se incapaz de aprender no ritmo deles.

Evidentemente não faltará quem diga que esse aluno deve receber uma atenção especial, que deve participar de programas de complementação (recuperação paralela, por exemplo), que deve ter suas dificuldades mapeadas e resolvidas a partir de atividades diferenciadas, etc., mas o que falta é gente para fazer tudo isso que se sabe ser necessário. O professor, que muitas vezes é apontado como o "culpado" pela exclusão pedagógica desse aluno, pode pouco fazer por ele se não tiver tempo para estudar detalhadamente as suas dificuldades, se não dispor de recursos e materiais específicos para as necessidades daquele aluno, se tiver que repartir sua atenção com mais trinta e poucos alunos dos quais pelo menos metade se encontra em situação de defasagem de aprendizagem como esse aluno, mas não exatamente "iguais a desse aluno".

Nessas circunstâncias seria preciso ter um professor para cada grupo pequeno de alunos cujo nível de aprendizagem é compatível entre si, e não seria nada recomendável que esse grupo compartilhasse das mesmas atividades de outros grupos mais avançados ou mais atrasados. A boa pedagogia recomenda que se siga o desenvolvimento natural dos alunos, como propôem os defensores da Progressão Continuada, mas não diz que isso possa ser feito justamente desrespeitando-se esse ritmo e submetendo-se esse aluno a atividades incompatíveis com o seu nível de desenvolvimento cognitivo.

A grande verdade é que todas as causas que levaram a adoção da política de Progressão Continuada (repetência, evasão, exclusão e baixa aprendizagem) continuam presentes na escola onde a Progressão Continuada está implantada, a única diferença é que agora essa exlusão está mascarada pela presença de classes multisseriadas onde apenas os alunos com capacidade cognitiva compatível com as atividades curriculares em desenvolvimento conseguem progredir, enquanto os demais se vêem e se reconhecem como excluídos desse processo, desse convívio com a aprendizagem e mesmo de seus colegas, que lhe parecem nitidamente "diferentes" e "superiores". E se isso não afetar a auto-estima desse aluno, então não sei qual é o significado de "auto-estima" empregado quando se defende a Progressão Continuada em nome da elevação dessa auto-estima.

O notável desinteresse de muitos alunos, e mesmo as dificuldades relativas à disciplina desses alunos, estão intimamente ligadas ao fato deles não estarem aprendendo como os colegas. É notório que um aluno que não consegue compreender os conceitos que estão sendo apresentados a ele, que não consegue fazer as atividades propostas para todos e que é visto como "diferente" pelos colegas e pelos professores, vá naturalmente se comportar com desinteresse e rebeldia.

Por outro lado, muitos professores ainda hoje acreditam que o ensino seriado com alta repetência é um fator favorável à qualidade da aprendizagem, mas isso é outra grande bobagem porque os alunos que reprovam e que abandonam a escola também não aprenderam! Não basta dizer que os aprovados aprendiam bastante no sistema seriado, isso todos sabemos que também é verdade, mas é preciso dizer também que éramos capazes de ensinar bem apenas a alguns alunos e não a todos. E isso não mudou em nada com a adoção da Progressão Continuada. Continuamos ensinando pouco para poucos e excluindo um grande número de alunos, retirando deles o direito à aprendizagem.

O que fazer então? Se a reprovação é um sinônimo evidente da má qualidade do ensino, e se a Progressão continuada não melhorou essa qualidade, como melhorá-la?

Evidentemente a resposta é complexa, custa caro e envolve muito trabalho, e esses são três fatores que espantam rapidamente todos os responsáveis diretos pela Educação: governos, secretarias de educação e educadores! Embora as soluções sejam do conhecimento de todos, parece que ninguém quer implementá-las porque elas não são mágicas e dependem de todos os envolvidos.

É realmente uma pena que os governos culpem os professores, que os professores culpem os alunos e que os alunos nem tenham consciência de que existam culpados. Mas o fato é que ninguém agora quer assumir a paternidade dos milhares de filhos bastardos da Progressão Continuada que foram despejados das escolas semi-alfabetizados e que estão destinados a serem mão-de-obra barata e desqualificada pelo resto de suas vidas.

Também é penoso reconhecer que a Escola, como instituição que engloba professores, administradores e governos, embora seja o ambiente mais intelectualizado que se pode encontrar em uma empresa, onde todos são diplomados e supostamente inteligentes, continue sendo uma instituição burra onde a inteligência parece ter sido reprovada e expulsa. E o mais triste é que nós todos fazemos parte disso.

Cocoricó

Gosto muito da turma do Cocoricó; e acho que as crianças também, pois os vídeos fazem muito sucesso;a partir destes personagens, podemos trabalhar família, amizade, animais, fazenda unindo às atividades de letramento , trabalhando letra inicial e final, nomes dos personagens,história ,dramatização e uma infinidade de temas,proporcionados pelos episódios da série...
desenhos para colorir são de grande valia,tanto para colorir mesmo,como para montar atividades diversas...